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 Revista Ciencias de la Actividad Física UCM. N° 19(2) julio-diciembre 2018,
  ISSN:0719-4013
 
 
 Repetições
  máximas e tempo sob tensão entre as ordens multiarticular para monoarticular
  e monoarticular para multiarticular em exercícios resistidos
 
 Repeticiones máximas y tiempo de tensión entre los ordenes multiarticular
  para monoarticular y monoarticular para multiarticular en ejercicios
  resistidos
 
 Maximum repetitions and time under tension between multiarticular orders to
  monoarticular and monoarticular to multiarticular in resisted exercises
 
 * Jorge Luiz Clemente Pinto, * Michelle Ambrósio, *,** Vicente P. Lima, ***
  Igor Leandro da Silva Carvalho, *** Rodolfo de Alkmim M. Nunes, *** Rodrigo
  G. S. Vale
 
 
 
  
 Pinto, J, Ambrosio, M., Lima, V., da Silva, I., Nunes, R., & Vale, R.
  (2018). Repetições máximas e tempo sob tensão entre as ordens multiarticular
  para monoarticular e monoarticular para multiarticular em exercícios
  resistidos. Revista Ciencias de la Actividad Física UCM, N° 19(2)
  julio-diciembre, 1-11. DOI: http://doi.org/10.29035/rcaf.19.2.6
 
 
 
 
 RESUMEN
 
 Objetivo: analizar las repeticiones máximas (RM) y el tiempo de
  tensión (TST) entre los órdenes multiarticular para monoarticular y
  monoarticular para multiarticular en ejercicios resistidos. Métodos:
  15 hombres entrenados (23,53±2,07 años; 74,8±5,1 kg; 173,8±4,6 cm) realizaron
  la prueba de 10RM en los ejercicios supino horizontal (SH) y rosca tríceps en
  el pulley (RT). Después de 48 horas realizaron repeticiones máximas para los
  mismos ejercicios en diferentes órdenes multiarticular-monoarticular y
  monoarticular-multiarticular. En los dos protocolos propuestos, el número
  máximo de repeticiones y el tiempo de tensión (TST) se contabilizaron sólo en
  el último ejercicio realizado. Resultado: La prueba T de Student
  pareado apuntó reducciones significativas en el número de RM en los dos
  protocolos analizados cuando comparados a la prueba de 10RM (p <0,005 y p
  <0,001). Los resultados mostraron no haber diferencias significativas en
  el TST en ninguna de las condiciones evaluadas. Conclusión: el orden de los
  ejercicios influenció el número de repeticiones realizadas, aunque no afectó
  el TST.
 
 
 PALABRAS CLAVE
 
 Repetición máxima, tiempo de tensión, multiarticular, monoarticular.
 
 
 RESUMO
 
 Objetivo: analisar as repetições máximas (RM) e o tempo sob tensão
  (TST) entre as ordens multiarticular para monoarticular e monoarticular para
  multiarticular em exercícios resistidos. Métodos: quinze homens
  treinados (23,53±2,07anos; 74,8±5,1kg; 173,8±4,6cm) realizaram teste 10RM nos
  exercícios supino horizontal (SH) e rosca tríceps no pulley (RT). Após
  quarenta e oito horas realizaram repetições máximas para os mesmos exercícios
  nas diferentes ordens multiarticular-monoarticular e
  monoarticular-multiarticular. Nos dois protocolos propostos, o núme ro máximo
  de repetições e o tempo sob tensão (TST) foram contabilizados apenas no
  último exercício realizado. Resultado: O Teste T de Student pareado
  apontou reduções significativas no número de RM nos dois protocolos
  analisados quando comparados ao teste de 10RM (p<0,005 e p<0,001). Os
  resultados mostraram ainda não haver diferenças significativas para o TST em
  nenhuma das condições avaliadas. Conclusão: A ordem dos exercícios
  influenciou o número de repetições realizadas, embora não tenha afetado o
  tempo sob tensão.
 
 
 Palavras-Chave
 
 Repetição máxima, tempo sob tensão, multiarticular, monoarticular.
 
 
 ABSTRACT
 
 Objective: was to analyze maximal repetitions (MR) and time under
  tension (TUT) between multi-joint to single-joint order and single-joint to
  multi-joint order in resistance exercises. Methods: Fifteen trained
  men (23.53 ± 2.07 years, 74.8 ± 5.1 kg, 173.8 ± 4.6cm) performed a 10RM test
  in the Bench Press (BP) and Arm Extension (AE). After 48h performed maximal
  repetitions for the same exercises in different orders, single-joint and
  multi-joint. In both protocols were measured the maximal repetitions (MR) and
  time under tension (TUT) only for the last exercise realized. Results:
  The paired Student's T test showed significant reductions for MR in both
  analyzed protocols when compared to the 10RM test (p <0.005 and p
  <0.001). The results showed that there were no significant differences for
  TUT in any of the conditions evaluated. Conclusion: The order of the
  exercises influenced the number of repetitions performed, although it did not
  affect the time under tension.
 
 
 Key words:
 
 Maximal repetition, time under tension, multiarticular, monoarticular.
 
 
 
 *      Curso de Bacharelado em Educação Física,
  Universidade Castelo Branco, RJ.
 **    Grupo de Pesquisa em Biodinâmica do desempenho, Esporte
  e Saúde (BIODESA), UCB/RJ.
 ***  Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte
  PPGCEE - UERJ.
 
 
 
 
 
  
 INTRODUÇÃO
 
 O treinamento resistido (TR) é indicado para o aumento da força, potência,
  hipertrofia e resistência muscular localizada tanto em indivíduos treinados
  quanto em sedentários (ACSM, 2014; Evetovich, 2009). Para o alcance de tais
  objetivos é importante o controle das variáveis que constituem os estímulos
  dos exercícios. Entre elas se destacam o percentual de carga máxima, o número
  de repetições máximas, a frequência semanal, o intervalo de recuperação entre
  séries, as sessões, o número de séries e a ordem de exercícios (Senna et al., 2012; Simão, Farinatti, Polito,
  Maior & Fleck, 2005).
 
 As adaptações ao treinamento de força estão relacionadas com as respostas
  biológicas referentes as características de um determinado estímulo mecânico
  (Mohamad, Nosaka, &
  Cronin, 2016). Nesse sentido, a quantidade máxima de repetições possíveis
  realizadas para uma determinada carga exerce influência sobre o aumento da
  força muscular de um indivíduo (Schoenfeld,
  Ogborn, & Krieger, 2015).
 
 Outro fator relacionado ao número de repetições e também a velocidade de
  execução do exercício é o tempo sob tensão máxima na musculatura solicitada.
  O intervalo de tempo necessário para a execução de uma repetição completa é
  denominado tempo sob tensão (TST). Frequentemente, o TST é manipulado através
  de diferentes variáveis, como a duração de uma repetição ou a quantidade de
  repetições em uma série (Lacerda
  et al., 2016; Silva et
  al., 2017). O tempo em que um músculo permanece sob tensão, aliado a
  outros fatores, como a magnitude da carga externa, pode também determinar a
  extensão dos efeitos hipertróficos na fibra muscular (Grgic, Homolak, Mikulic, Botella,
  & Schoenfeld, 2018; Lacerda
  et al., 2016).
 
 Nesse sentido, outra variável importante é a ordem dos exercícios. A
  organização dos exercícios em uma sessão de treinamento é relevante para a
  otimização dos objetivos do TR e pode influenciar também a eficiência e a
  segurança do programa proposto (Gentil et al., 2007).
  Dentre as diferentes possibilidades de ordem dos exercícios, há as ordens
  multiarticular-monoarticular e monoarticular-multiarticular. Os exercícios
  multiarticulares envolvem de forma dinâmica mais de uma articulação (Simão, De Salles, Figueiredo,
  Dias, & Willardson, 2012) enquanto exercícios monoarticulares quase
  sempre se caracterizam por movimentos simples, envolvendo não apenas uma
  única articulação, mas normalmente grupamentos musculares menores (Gentil et al., 2013).
 
 A manipulação da ordem de execução dos exercícios interfere diretamente sobre
  o número de repetições continuadas e por consequência no TST (Gil et al., 2011; Miranda, Figueiredo,
  Rodrigues, Paz, & Simão, 2013). Entretanto a ordem de execução pode
  afetar a performance de modo diferente dependendo do tamanho do grupo
  muscular (Gil et al., 2011).
  Dessa forma, uma das preocupações na montagem dos programas de exercícios é
  que os exercícios prioritários devem ser executados no início da sessão de
  treinamento de força, sendo este monoarticular ou multiarticular,
  independentemente do tamanho do grupamento muscular (Spreuwenberg et al., 2006).
 
 Considerando a possível influência da ordem a alocação de exercícios
  monoarticulares ou multiarticulares ao final da sessão de treino pode causar
  impactos distintos sobre a força muscular. Pelo exposto, o presente estudo
  teve como objetivo analisar as repetições máximas (RM) e o tempo sob tensão
  (TST) entre as ordens multiarticular para monoarticular e monoarticular para
  multiarticular em exercícios resistidos.
 
 
 MÉTODOS
 
 Amostra
 
 Este estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva, comparativa e
  correlacional. A amostra foi determinada de forma não probabilística,
  composta por 15 homens com 23,53±2,07 anos de idade, praticantes de
  musculação com experiência de ao menos 6 meses nos exercícios selecionados para
  a intervenção e frequência mínima de duas sessões semanais. Os participantes
  eram estudantes do curso de Educação Física de uma universidade situada no
  município do Rio de Janeiro, dos quais se teve acesso e foram voluntários. Os
  indivíduos que apresentaram PARQ positivo, dor e ou lesão que impedisse a
  correta execução dos exercícios ou ainda aqueles que faltaram aos encontros
  de coletas de dados foram excluídos do estudo.
 
 A presente pesquisa foi realizada de acordo com as normas estabelecidas na
  Resolução 466/2012, sobre pesquisa com seres humanos, do Conselho Nacional de
  Saúde. Os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
  (TCLE) para a participação no estudo.
 
 Procedimentos de coleta de dados
 
 No primeiro encontro com os participantes do estudo, uma anamnese e o
  questionário PARQ (Antunes,
  Bezerra, Sakugawa, & Dal Pupo, 2018) foram aplicados. Em seguida
  foram realizadas as medidas antropométricas de peso e estatura em uma balança
  antropométrica mecânica com estadiômetro (Welmy modelo 110CH, São Paulo,
  Brasil). As medidas de dobras cutâneas foram realizadas para calcular o
  percentual de gordura de acordo com o protocolo de três dobras de Jackson e
  Pollock (Prestes et al.,
  2009) através de um adipômetro científico (Cescorf, Brasil).
 
 Teste de 10RM
 
 Os participantes realizaram o teste inicialmente com uma carga
  pré-estabelecida, sendo acrescentados de 4 a 10kg ao peso inicial a cada nova
  tentativa com um intervalo de recuperação de cinco minutos. Quando 10
  repetições máximas foram alcançadas a sobrecarga foi registrada como valor
  10RM. Em todas as repetições foram mantidas a maior velocidade e amplitude de
  movimento possível. Não mais do que 5 tentativas foram permitidas para a
  obtenção da carga. Dez minutos após a obtenção do valor 10RM os participantes
  realizaram um novo teste para a confirmação da sobrecarga (Paz, Robbins, Oliveira, Bottaro,
  & Miranda, 2017). O coeficiente de correlação intraclasse (CCI)
  calculado apresentou valores de 0,93 e 0,94 para os exercícios supino
  horizontal e rosca tríceps no pulley, respectivamente. O erro técnico da
  medida foi calculado e apresentou valores inferiores a 3% em ambos os
  exercícios.
 
 Padrão de execução dos exercícios
 
 Todos os indivíduos foram orientados quanto ao padrão de execução nos
  exercícios supino horizontal e rosca tríceps no pulley. As orientações para a
  realização dos exercícios estão descritas a seguir.
 
 Supino horizontal (SH). No exercício SH, realizado no aparelho Smith (Buick,
  Brasil), foi pedido aos voluntários que adotassem a posição de decúbito
  dorsal sobre o banco, com os dois pés no chão, preservando as curvaturas
  fisiológicas da coluna, estando os ombros em 90° de abdução e cotovelos em
  flexão de 90º. Nessa posição, a face posterior do braço permaneceu em contato
  com uma corda sustentada por dois cavaletes que foram limitados pela
  amplitude inferior. Durante a execução do exercício foram realizados os
  movimentos de adução horizontal dos ombros, abdução da cintura escapular e
  completa extensão do cotovelo até 0º. Este foi o ponto final marcado por uma
  etiqueta posicionada na barra de sustentação do Smith para servir de limite
  da execução sendo observado para a falha do movimento. A retirada do dorso do
  banco e das mãos na barra ou perda de contato dos pés com solo serviram para
  finalizar o exercício (Scudese
  et al., 2015).
 
 Rosca tríceps no pulley alto (RT). O exercicío RT foi realizado no pulley
  alto (Buick, Brasil), na posição inicial o sujeito permaneceu em pé e manteve
  os cotovelos flexionados em 130°, sendo tal amplitude aferida por meio de um
  goniômetro de 360º (Carci, Brasil). Essa amplitude foi delimitada pelo
  posicionamento de uma corda elástica na borda inferior da última placa a ser
  usada como sobrecarga para o referido exercício. A partir da posição inicial
  foi realizado o movimento de extensão dos cotovelo a até a amplitude 10° de
  flexão, quando a barra manteve contato com a face anterior da coxa. Sendo
  este o ponto observado para a falha do movimento. A não realização de uma
  repetição completa, assim como movimentos adicionais no tronco ou quadril
  serviram para finalizar o exercício (Minelli et al., 2010).
 
 Intervenção
 
 Todos indivíduos foram orientados a não ingerir qualquer substância
  estimulante (cafeína ou álcool) e a não realizar atividade física no dia
  anterior ou nos dias dos testes. Quarenta e oito horas após a realização dos
  testes de 10RM nos exercícios supino horizontal (SH) e rosca tríceps (RT), os
  indivíduos realizaram os diferentes métodos de execução com as ordens de
  exercícios propostas, multi-mono e mono-multi, em dias diferentes e separados
  por pelo menos 48h. No protocolo com a ordem multi-mono, os exercícios SH e
  RT foram realizados em sequência, sem intervalos entre eles. Para o protocolo
  mono-multi, a ordem foi invertida e o exercício RT foi realizado antes do SH,
  e também não houve intervalos entre os exercícios.
 
 Nos dois protocolos propostos, o tempo sob tensão (TST) foi contabilizado nas
  repetições completas (RM) apenas no último exercício realizado. Os testes
  foram interrompidos no momento em que os participantes executaram o movimento
  com a técnica incorreta e/ou quando ocorreram falhas concêntricas
  voluntárias.
 
 Visando reduzir a margem de erro nos testes e protocolos, os participantes
  receberam instruções sobre a técnica de execução dos exercícios, o avaliador
  esteve atento quanto à posição adotada pelos participantes no momento do
  teste e estímulos verbais foram realizados com o intuito de manter o nível de
  motivação elevado (Scudese
  et al., 2015).
 
 A aferição do tempo sob tensão foi realizada por meio de cinemetria com o uso
  da técnica de contagem de tempo, através do software Kinovea 8.15 (Silva et al., 2017). Foi
  utilizada uma câmera de vídeo de 30Hz (SONY, JAPÂO) sobre um tripé à 1 metro
  do chão, localizada no plano sagital à uma distância de 1,7 metros dos
  voluntários (Sugiura, Hatanaka,
  Arai, Sakurai & Kanada, 2016).
 
 Análise estatística
 
 Os dados foram analisados pelo SPSS 20 for Windows e apresentados como média
  e desvio padrão. A normalidade dos dados da amostra foi verificada através do
  teste de Shapiro-Wilk. O Teste T-Student para amostras dependentes foi
  aplicado para a comparação dos diferentes protocolos de execução e o teste de
  10RM nos exercícios supino horizontal e rosca tríceps. O teste de correlação
  de Pearson foi utilizado para analisar as associações entre as variáveis. O
  nível de p<0,05 foi adotado para a significância estatística.
 
 
 RESULTADOS
 
 As características dos indivíduos participantes do presente estudo estão
  descritas na Tabela 1.
 
 
 Tabela 1Características da amostra.
 
 DP: desvio padrão. 
 Os resultados da comparação sobre o tempo sob tensão (TST) e as repetições
  máximas (RM) nos exercícios supino horizontal (SH) e rosca tríceps no pulley
  (RT) entre os métodos multi-monoarticular e mono-multiarticular e o teste de
  10RM estão apresentados na Tabela 2.
 
 Tabela 2Análise comparativa do tempo sob tensão (TST) e repetições máximas (RM)
  nos exercícios supino horizontal (SH) e rosca tríceps no pulley (RT) entre os
  métodos multi-monoarticular e mono-multiarticular e o teste de 10RM.
   
   RM: repetições máximas;
  TST: tempo sob tensão; VTT: volume total do treino (número de repetições
  realizadas multiplicada pela carga). * p<0,05, mono-multi e multi-mono vs.
  10RM 
 Foi encontrada uma redução significativa para o número de repetições máximas
  realizadas no SH (p=0,005) entre o protocolo mono-multi e o teste de 10RM. O
  mesmo resultado ocorreu na RT entre o protocolo multi-mono e o teste de 10RM
  (p<0,001). Verificou-se também que não houve diferença significativa entre
  os valores do TST obtidos no teste de 10RM e do TST do último exercício tanto
  no protocolo mono-multi (p=0,136) como também no protocolo multi-mono
  (p=0,323). As reduções no VTT observadas entre o teste 10RM e ambos os
  protocolos (mono-multi e multi-mono) também foram significativas (p=0,005 e
  p<0,001, respectivamente), uma vez que a carga teste de cada exercício foi
  mantida nos diferentes protocolos.
 
 
 Tabela 3Análise de correlação entre tempo sob tensão (TST) e repetições máximas
  (RM) realizadas nos exercícios supino horizontal (SH) e rosca tríceps no
  pulley (RT) nos diferentes protocolos.
   
   TST: tempo sob tensão; SH:
  Supino horizontal; RT: Rosca tríceps no pulley; RM: repetições máximas. 
 O coeficiente de correlação de Pearson (r) apresentou uma correlação positiva
  entre as variáveis TST e RM nos diferentes protocolos de intervenção.
 
 
 DISCUSSÃO
 
 Os resultados obtidos no presente estudo apontaram reduções significativas no
  número de repetições máximas realizadas para o último exercício da sequência
  nos dois protocolos analisados, mono-multi e multi-mono, quando comparados ao
  teste de 10RM. Os resultados mostraram ainda não haver diferenças
  significativas para o tempo sob tensão (TST) em ambos os exercícios, supino horizontal
  e rosca tríceps no pulley em nenhuma das condições avaliadas.
 
 A ordem sequencial de um exercício em uma sessão de treinamento exerce
  influência importante sobre o desempenho de modo agudo. Quando a ordem de
  execução dos exercícios foi alterada, o número de repetições apresentados
  pelos exercícios realizados por último em uma sequência foi menor. Isso
  ocorreu no presente estudo em ambos protocolos investigados. Gil et al. (2011) verificaram os
  efeitos da ordem dos exercícios para membros inferiores sobre o número de
  repetições realizadas, a percepção subjetiva de esforço e o volume total do
  treino. Os autores ainda adotaram uma estratégia para aumentar o tempo de
  descanso e permitir a manutenção do número de repetições. Entretanto, ainda
  assim, observaram redução no número de repetições para o exercício realizado
  no final da sessão.
 
 Em outro estudo, Simão et
  al., (2010) investigaram os efeitos da ordem dos exercícios sobre a força
  e a espessura muscular em homens destreinados após 12 semanas de treino
  resistido. Os participantes foram randomicamente divididos em 3 grupos com
  diferentes ordens de exercícios para os membros superiores. O primeiro grupo
  iniciou com exercícios para grandes grupos musculares progredindo para grupos
  musculares menores e o segundo grupo seguiu a ordem inversa, o terceiro grupo
  denominado controle não realizou qualquer exercício. Após 12 semanas todos os
  exercícios para os dois grupos apresentaram ganhos significativos de força,
  avaliado pelo teste de 1RM, quando comparados ao grupo controle. A espessura
  do músculo tríceps aumentou no grupo que executou pequenos músculos antes dos
  grandes grupamentos musculares. No entanto, a espessura do bíceps não
  apresentou diferenças significativas entre os grupos. Em conclusão, os
  autores sugerem que se um exercício é importante, ele deve ser realizado no
  início da sessão de treinamento.
 
 Miranda et al. (2013),
  em estudo semelhante ao atual, compararam o número de repetições e a
  percepção do esforço em diferentes ordens de exercícios. 12 homens treinados
  realizaram teste de 10RM para supino horizontal (SH), desenvolvimento (DS) e
  rosca tríceps (RT) e também seis sequências (SEQ) de treinamento: SEQA (SH,
  DS, RT), SEQB (SH, RT, DS), SEQC (DS, SH, RT), SEQD (DS, RT, SH), SEQE (RT,
  SH, DS) e SEQF (RT, DS, SH). Os resultados mostraram que a ordem de exercício
  influenciou o número total de repetições completadas no último exercício em
  cada sequência. No presente estudo tanto o exercício multiarticular, supino
  horizontal, quanto o exercício monoarticular, rosca tríceps no pulley, quando
  realizados ao final da sequência, apresentaram um número de repetições
  significativamente reduzido.
 
 A outra variável investigada foi o tempo sob tensão (TST). A relação entre o
  número total de repetições e o tempo em que o músculo permanece sob tensão é
  fator importante para o crescimento muscular (Silva et al., 2017). Silva et al. (2016)
  compararam o tempo sob tensão (TST) necessário para realizar 8, 10 e 12
  repetições máximas (RM) no supino e encontraram diferenças no TST entre 8 e
  10 RM e entre 8 e 12 RM, mas não observaram diferenças entre 10 e 12 RM.
  Esses achados se contrapõem ao presente estudo, onde os resultados apontaram
  que independentemente da ordem de execução e da diferença no número total de
  repetições não foram observadas diferenças significativas no TST entre as
  duas condições experimentais quando comparadas ao teste de 10RM, no último
  exercício do protocolo. No presente estudo os participantes realizaram os
  exercícios com máxima velocidade voluntaria, portanto, a cadência não foi
  controlada de modo preciso durante os testes. Assim, é possível supor que o
  menor número de repetições realizado de forma mais lenta durante a execução
  do último exercício da sequência tenha se equiparado à cadência de execução
  dos testes 10RM resultando em TST semelhantes.
 
 Embora as diferenças observadas no TST não tenham sido significativas entre
  as condições do teste 10RM e os protocolos mono-multi e multi-mono, os
  resultados da análise estatística mostraram relevante correlação entre o
  número de repetições máximas realizadas e o TST apontando uma relação
  moderada a forte entre essas variáveis.
 
 Ao reduzir o número de repetições possíveis de serem realizadas a manipulação
  da ordem dos exercícios alterou também o volume total do treino (VTT) no
  presente estudo. O volume total do treino é obtido pela multiplicação do
  número de séries e repetições pela carga utilizada em cada exercício (Gil et al., 2011). Dessa
  maneira, o volume tem papel importante tanto na força quanto na hipertrofia (Colquhoun et al., 2018). A
  soma total dos estímulos em uma sessão de treino potencializa o sinal
  intracelular que leva a uma resposta anabólica. A tensão mecânica resultante
  da soma desses estímulos eleva o estresse metabólico induzido pelo exercício,
  tais fatos associados a evidências de maior acúmulo de metabólitos em séries
  múltiplas explicam por que altos volumes de treino aumentam o anabolismo.
  Desse modo, pode-se dizer que aumentos observados no tamanho do músculo e na
  manifestação da força são resultado dos efeitos acumulados do tempo sob
  tensão em função de um maior volume (Schoenfeld, Ogborn, & Krieger,
  2017). No presente estudo, as diminuições na quantidade total de
  repetições realizadas em decorrência da ordem de execução dos exercícios
  comparadas à situação de teste 10RM promoveram como consequência reduções
  significativas no volume total do treino (VTT) tanto para o exercício supino
  horizontal quanto para a rosca tríceps no pulley.
 
 De um modo geral, os resultados observados sugerem que a ordem de execução
  dos exercícios em uma sessão de treino pode diminuir o estímulo para
  determinado músculo, independentemente do tamanho do grupamento, quando esse
  músculo é colocado ao final da sequência de exercícios reduzindo a tensão
  mecânica a que essa musculatura é submetida, fato que pode interferir
  negativamente sobre as respostas adaptativas ao treinamento de força (Lacerda et al., 2016; Mohamad et al., 2016; Spineti et al., 2010).
 
 Possivelmente a captação do sinal eletromiográfico dos músculos analisados
  poderia fornecer informações importantes a respeito do padrão de ativação
  muscular e da fadiga nos diferentes protocolos testados. Isso pode ser
  considerado como uma limitação do estudo.
 
 
 CONCLUSÃO
 
 A ordem dos exercícios mostrou reduzir o número de repetições realizadas,
  embora não tenha afetado o tempo sob tensão. Dessa forma, os exercícios mais
  importantes para o objetivo do treinamento devem ser colocados no início de
  uma sessão de treino, não importando o tamanho do grupo muscular ou o número
  de articulações envolvidas.
 
 Recomendam-se futuras investigações que utilizem a eletromiografia para
  observar as repostas fisiológicas em múltiplas séries com um número maior de
  exercícios e em outros métodos de ordem dos exercícios.
 
 
 
 
 
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 Dirección para correspondencia
 
  
 Igor Leandro da Silva
  Carvalho
 Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte
 PPGCEE - UERJ
 Rio de Janeiro, Brasil
 
 Contacto:
  icarvalho.personal@gmail.com
 
 Recibido: 11-10-2018
 Aceptado: 09-11-2018
 
 
 Este obra está bajo una licencia de Creative
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